Descoberta do diamante em 1930 e a internacionalização da Serra do Tepequém


JESSÉ SOUZA
jesseroraima@hotmail.com




Garimpeiros passaram a trabalhar para emprega belga em 1953
Garimpeiros passaram a trabalhar para emprega belga em 1953 
 


Antes de se tornar o principal ponto turístico de Roraima, a Serra do Tepequém, no Município do Amajari, a 210Km ao norte do Estado, foi o principal garimpo de diamantes da América Latina nas décadas de 1940 e 1950, conforme já foi frisado na postagem anterior. 

A história do garimpo de diamante reflete até hoje na vida de quem mora lá e até mesmo de quem decidiu investir no turismo. Ela é rica em fatos, os quais resumiremos abaixo. A Serra do Tepequém chegou a ser a primeira área de fato internacionalizada de Roraima, quando a licença de garimpagem foi vendida para uma empresa da Bélgica.

As primeiras expedições em busca de diamante na região foram feitas em 1930, sob o comando do geólogo Mezach Breusntz,  da Guiana Holandesa (hoje Suriname). Ele ficou conhecido como “Bruston”. Contratado por um fazendeiro local, denominado Antônio “Piauí”, Bruston veio com mais três experientes garimpeiros da então Guiana Inglesa para iniciar as pesquisas em busca do minério em Tepequém.

Apesar da descoberta dos diamantes, a exploração efetiva só começou a partir de 1936. Um grande proprietário de gado do Vale do Rio Branco, Adolfo Brasil então começou a requerer posse de várias áreas garimpos, nos fins da década de 1940. A garimpagem já estava no auge quando a licença de lavra foi concedida, em 1950, para a Empresa de Mineração Tepequém Ltda.

 Adolfo Brasil vendeu a licença para o seu sócio, Leontino Alves de Oliveira, um garimpeiro maranhense que tinha vindo de Tocantins, que por sua vez vendeu a concessão para uma empresa belga, em 1953, que adotou o mesmo nome da empresa brasileira. 

Mapa da Serra do Tepequém na década de 1950, documento do belga que passou a ser dono de Tepequém; e o cartão com o nome da empresa proprietária da licença da lavra

Mapa da Serra do Tepequém na década de 1950; documento do belga que passou a ser dono de Tepequém; e o cartão com o nome da empresa proprietária da licença da lavra


O proprietário passou a ser judeu Joseph Hellinger, que deixou como encarregado o seu filho Poul Hellinger, que passou a ser chamado de Paulo ou “Gringo” pelos brasileiros. Era ele quem comandava a exploração de diamantes, com os garimpeiros tendo que pagar pelo diamante que pegavam, caso quisessem trabalhar na serra, além de adotar um ousado projeto de prospecção, com uso de dinamites, conforme iremos ver mais adiante. 

 

Assassinato de Gringo acabou sendo 

chamado de 'a libertação de Tepequém'


Periódico belga e o jornal roraimense publicaram caso do assassinato de Gringo, na Serra do Tepequém


Devido a divergências por causa do garimpo, insufladas pela forte resistência de garimpeiros para se submeterem às determinações da empresa estrangeira, Poul Hellinger, o Gringo, acabou sendo assassinado a tiros por um garimpeiro. O crime ganhou repercussão internacional.

Depois da morte do estrangeiro, em 1956, a empresa encerrou suas atividades em 1957, quando o garimpo ficou “sem dono”, fato este chamado pelos garimpeiros de “a libertação de Tepequém”, funcionando desta forma até o fechamento definitivo em meados da década de 2000, quando o turismo começou a ser o principal atrativo.

 

Auge do garimpo em Tepequém foi entre as décadas de 1940 e 1950



*Fonte e fotos: PDF elaborado pela família dos belgas que compraram a concessão da lavra, quando eles vieram ao Brasil, em 2017, para lembrar a saga dos familiares em Tepequém 

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