Cavernas do Igarapé Preto, passeio ao mundo desconhecido e misterioso de Tepequém
Rone Buriti (ao centro) faz guiamento de turistas às cavernas do Igarapé Preto |
A exuberância da Serra do Tepequém não se limita ao que salta aos olhos. Existe uma aventura escondida, por debaixo do que o turista está acostumado a ver, como cachoeiras, colinas, vales e corredeiras. Existem várias cavernas que levam o turista a um mundo subterrâneo antes só conhecido pelos antigos garimpeiros, que não mediam esforços em busca do diamante.
Parte desse mundo subterrâneo, explorado desde o auge do garimpo, a partir da década de 1930 (veja a história aqui), hoje está sob a proteção de uma das famílias tradicionais de Tepequém.
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São três cavernas sob proteção da família Guimarães, no Igarapé Preto |
Trata-se da família de um dos garimpeiros mais antigos, Benedito da Gama Guimarães, o Beneditão, já falecido, um dos primeiros a chegar a Tepequém, ainda na década de 1930, e da segunda esposa dele, Iraci Colares Guimarães, 81, que foi assunto em matéria anterior (veja matéria aqui).
É a partir da propriedade dessa família que começa a trilha para três cavernas do Igarapé Preto, que começaram a ser exploradas recentemente em favor do turismo. São cerca de 20 minutos de trilha até alcançar a entrada da primeira caverna, subindo a serra, acompanhando o curso d’água do igarapé.
Um dos filhos de Beneditão e de Dona Iraci, o comerciário Raimundo Colares Guimarães, 47, conhecido por todos como Rone Buriti, faz parte do grupo familiar que conduz o turista para conhecer esse mundo oculto debaixo das rochas.
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Rone Buriti orientando na entrada da caverna que fica entre blocos de rochas |
Rone já garimpou nessas cavernas junto com irmãos, no passado, por isso conhece bem o local mais que qualquer outra pessoa. Ele é funcionário da Estância Ecológica do Sesc, na Serra do Tepequém, mas vem se preparando para trabalhar com o turismo ecológico em sua propriedade, na Vicinal Igarapé Preto, onde mora com a esposa e filhos. “É um projeto que venho estudando para colocar em prática”, disse.
Nas cavernas o turista experimenta o mistério de um mundo subterrâneo, na completa escuridão subterrânea. A experiência do guia é essencial para o visitante ser orientado para se ambientar com o espaço e até mesmo com a maneira de respirar em um ambiente debaixo das pedras, onde a pessoa experimenta novos sons, luminosidade e noção de espaço.
As águas gélidas e escuras do Igarapé Preto que descem a serra entram pelas fendas das cavernas e saem um pouco mais à frente, proporcionando uma água corrente, portanto, sem risco de alagar. Numa delas, é possível ver uma cascata que cai em um dos salões. Esse é outro espetáculo durante o passeio.
As cavernas também escondem mistérios. Inclusive há uma lenda de que as piscinas naturais que se formam dentro desses locais, e ao longo da imensa corredeira que desce da serra, seriam fontes da juventude.
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Salão de uma das cavernas de onde se parte para um imenso labirinto |
A explicação seria a água com resíduos de minerais, fartos nas rochas da Serra do Tepequém, o que dá uma tonalidade escura à água, daí o nome de Igarapé Preto. Verdade ou não, o fato é que, apesar da cor, com a tonalidade como se fosse um líquido da borra de café, a água é muito límpida, que mata a sede de quem se aventura pela serra.
Existem várias outras cavernas por toda a serra, a maioria desconhecida do público e até mesmo de moradores mais recentes, pois eram exploradas por antigos garimpeiros e que acabaram sendo abandonadas, tendo suas entradas encobertas por deslocamento do solo ou de pedras, pela vegetação que cresceu ou mesmo tomadas pelas águas dos igarapés.
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