Vila do Cabo Sobral, berço da história de Tepequém e suas corredeiras

 JESSÉ SOUZA
jesseroraima@hotmail.com

 

Vila do Cabo Sobral em 1953: tudo começou neste local, onde uma grande cidade garimpeira floresceu em cima da serra, onde nem estrada havia


 

Nesta foto de 1960 dá para perceber que a Vila do Cabo Sobral abrigava até 5 mil pessoas


Carcaças dos poucos carros que conseguiam chegar no garimpo, em cima da serra


 

A Vila do Cabo Sobral, acima da sede do vilarejo, conhecida por suas corredeiras de fácil acesso aos turistas, foi o grande berço da exploração de diamante na Serra do Tepequém, que se tornou o mais importante garimpo da América Latina nas décadas de 1940 a 1960.

Cabo Sobral foi a sede de Tepequém por todo o auge da exploração mineral. A vila reúne os mais importantes pontos históricos e ainda abriga famílias remanescentes do garimpo. É lá onde estão as ruínas da vila (corrutela na linguagem dos garimpeiros), onde estavam concentrados os bares, o prostíbulo, o comércio, a delegacia e os barracões cobertos de palha que serviam de ponto de apoio e abrigo dos garimpeiros.

É de lá que os garimpeiros partiam para os baixões onde o minério era explorado. Naquele lugar estão restos de bombas de garimpo, carcaças de aviões e de carros Willys e Jeeps, os únicos que conseguiam subir a serra quando não havia estrada.

Ainda é possível ver a grande árvore, que era usada por garimpeiros “bamburrados” (cheios de diamantes) para dar tiros de espingardas cujas munições eram diamantes pequenos ou mesmo pepitas de ouro que não tinham qualquer valor à época.

A vila chegou a abrigar até 5 mil moradores entre as décadas de 1940 e 1960, auge da exploração manual de diamantes, inclusive a localidade dispunha de um cinema, o primeiro na História de Roraima, e de uma pista de pouso, que existe até hoje na Vila do Paiva, outro traço de modernidade ainda inexistente em Boa Vista, naquele tempo.

 

Corredeiras do Cabo Sobral, que hoje servem ao turismo, resistiram à destruição do garimpo

 

 

Família guarda memórias do auge do 

garimpo às margens do Cabo Sobral

 


Pedro Cordeiro da Silva e a esposa Carmem Almeida Modesto: história e lembranças do garimpo



Um dos moradores mais antigos da Vila do Cabo Sobral é Pedro Cordeiro da Silva, 65 anos, filho de um dos garimpeiros tradicionais que chegou a Tepequém em 1947, Joaquim Cordeiro da Silva, vindo do Ceará.

 Há 35 anos casado com Carmem Almeida Modesto, 54 anos, o ex-garimpeiro  vive com a família de quatro filhos a poucos metros das corredeiras do Igarapé do Cabo Sobral, há 25 anos, um dos pontos de grande visitação de turistas. O casal guarda com saudosismo uma foto antiga da vila, imagem congelada do auge do garimpo.

Os dois também são guardiães de fragmentos da História do local, reunindo músicas que tocavam nos bares e clube da época, relatos de garimpeiros registrado em um documento que nunca foi publicado e muitos “causos” vividos na Vila do Cabo Sobral, que é um museu a céu aberto.

 


Garimpo no ano de 1978, na área conhecida como mina nova, no Cabo Sobral (Foto: IBGE)

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