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Mostrando postagens de julho, 2020

Cavernas do Igarapé Preto, passeio ao mundo desconhecido e misterioso de Tepequém

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JESSÉ SOUZA jesseroraima@hotmail.com Rone Buriti (ao centro) faz guiamento de turistas às cavernas do Igarapé Preto   A exuberância da Serra do Tepequém não se limita ao que salta aos olhos. Existe uma aventura escondida, por debaixo do que o turista está acostumado a ver, como cachoeiras, colinas, vales e corredeiras. Existem   várias cavernas que levam o turista a um mundo subterrâneo antes só conhecido pelos antigos garimpeiros, que não mediam esforços em busca do diamante. Parte desse mundo subterrâneo, explorado desde o auge do garimpo, a partir da década de 1930 (veja a história aqui), hoje está sob a proteção de uma das famílias tradicionais de Tepequém. São três cavernas sob proteção da família Guimarães, no Igarapé Preto Trata-se da família de um dos garimpeiros mais antigos, Benedito da Gama Guimarães, o Beneditão, já falecido, um dos primeiros a chegar a Tepequém, ainda na década de 1930, e da segunda esposa dele, Iraci Colares Guimarães, 81, que foi assunto em matéria

Carioca atravessou o país de bicicleta e nunca mais deixou a Serra do Tepequém

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JESSÉ SOUZA jesseroraima@hotmail.com               Marcelo Toledo, o Carioca, mostra o jornal que noticiou sua chegada a Roraima, em 2010   Há dez anos, quando saiu do Rio de Janeiro de bicicleta junto com mais dois amigos, para percorrer o Brasil, o marceneiro Marcelo Toledo, 48 anos, o “Carioca”, jamais imaginaria que iria se fixar no extremo Norte brasileiro. Muito menos que iria morar numa pacata vila na Serra de Tepequém, um local exuberante por suas belezas nas alturas.. O trio partiu da Serra da Bocaina, em setembro de 2009, mas Carioca foi abandonado pelos companheiros. Decidido a cumprir o trato, que era atravessar o Brasil e conhecer os países vizinhos do Norte do Brasil, continuou sozinho pedalando pelo país, sempre recebido pela imprensa de cada localidade, o que possibilitou conseguir ajuda para hospedagem e alimentação aonde chegava. Foto da edição do jornal Folha de Boa Vista sobre jornada do Sudeste ao Extremo Norte Um ano e dois meses depois, Carioca chegou a Rorai

José Wilson, integração de um antigo garimpeiro com o turismo em Tepequém

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JESSÉ SOUZA jesseroraima@hotmail.com José Wilson tenta sobreviver do turismo, cuidando de uma trilha e fazendo apresentação aos turista As histórias do garimpo ainda podem ser ouvidas dos próprios personagens na Serra do Tepequém. Filhos dos primeiros garimpeiros ou aqueles que nunca mais partiram, seja pela idade avançada ou por terem “blefado” (ficar sem dinheiro, na gíria garimpeira), podem ser facilmente encontrados nas vilas.  Nem todos podem ser considerados ex-garimpeiros, pois alguns ainda fazem a cata de diamante de forma artesanal, conforme a legislação permite. Suas histórias são testemunhos vivos e, se houver uma política que os envolva e os reconheça como Patrimônio Cultural e Imaterial, eles podem contribuir para a construção de um turismo diferenciado, que integre suas vivências e experiência com a exploração do potencial das belezas naturais que se recuperam das agressões ambientais do passado. Poção Paraíso fica aos fundos da cabana de José Wilson, a caminho da Vil

Pioneira em acolher turistas, Dona Helena trabalhou no garimpo e hoje é empreendedora

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JESSÉ SOUZA jesseroraima@hotmail.com Dona Helena e os cadernos onde os primeiros turistas assinavam ou deixavam mensagens   A micro empresária Maria Helena Roberto da Silva, 57 anos, foi uma das centenas de mulheres que vieram do Nordeste para trabalhar no garimpo da Serra do Tepequém, ao Norte de Roraima, no Município do Amajari. Mas ela foi uma das poucas que decidiu se estabelecer na localidade como empreendedora, na Vila do Paiva, atual sede da comunidade. Natural do Maranhão, ela chegou a Tepequém em abril em 1993 para cozinhar para um dos donos de maquinário na Vila do Cabo Sobral, onde ficavam as principais frentes de exploração de diamante. Embora ela mesmo não tenha exata noção de sua importância para a transição do garimpo para o turismo, ela foi pioneira na recepção de turistas em sua casa. Quando a exploração mineral com uso de maquinário foi proibida, no início da década de 2000, Dona Helena abriu um pequeno restaurante com estrutura rústica para atender à comunidade

Garimpeiros artesanais são o Patrimônio Cultural Imaterial de Tepequém

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JESSÉ SOUZA jesseroraima@hotmail.com Legislação permite a garimpagem artesanal e individual que não agrida o meio ambiente     Embora a garimpagem com maquinário seja uma atividade proibida não só na Serra do Tepequém, como também em qualquer área protegida e terras indígenas, aos remanescentes da era da exploração mineral a legislação federal permite a garimpagem de forma artesanal. Junto com ex-garimpeiros que hoje estão em outras atividades e demais moradores tradicionais descendentes dos que primeiro chegaram na região para trabalhar no garimpo, eles representam o Patrimônio Cultural Imaterial de Tepequém, que também podem estar integrados com o desenvolvimento do turismo. Existem alguns que nunca saíram de Tepequém para morar em outro lugar e que continuam a buscar o brilho do diamante no solo revirado, leitos de igarapés e pequenas grotas por toda serra. Alguns desses garimpeiros não tiveram outra profissão senão procurar diamantes, por isso continuam até hoje trabalhado em

Ex-garimpeira, filha de pioneiro retorna e refloresta área degrada pelo garimpo em Tepequém

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JESSÉ SOUZA jesseroraima@hotmail.com Dona Nilza hoje tem como terapia reflorestar área degradada pelo garimpo de diamante A ex-garimpeira Neuza Guimarães da Silva, 72 anos, conhecida por Nilza, é uma das filhas do pioneiro Benedito da Gama Guimarães, que era conhecido como Beneditão pelos garimpeiros da Serra do Tepequém. A mãe dela, Albertina Guimarães Cruz, morreu aos 33 anos de congestão, quando Nilza ainda era criança, por isso ela foi criada pela segunda mulher de Beneditão, Dona Iraci Colares Guimarães ( veja aqui ). A história de vida de Dona Nilza é muito semelhante à das demais mulheres que garimparam na região, com a diferença de que ela e mais quatro irmãos nasceram no próprio Município do Amajari, na região do Ereu. A família foi levada para Tepequém, por Beneditão, quando o garimpo de diamante foi descoberto ( veja o texto aqui ), em 1937. Mas tudo mudou com a morte da mãe. Dona Nilza acabou sendo doada para uma família no Ereu e só retornou para Tepequém quando comple

Dona Iraci Guimarães, pioneira da Serra do Tepequém, lúcida para narrar a História

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JESSÉ SOUZA jesseroraima@hotmail.com Iraci Colares Guimarães,viúva de um dos primeiros garimpeiros de Tepequém Imagem do ano em que D. Iraci chegou a Tepequém, em 1954 (Foto: IBGE/Antônio Teixeira Guerra) Apesar de o turismo ter se tornado a atividade principal na Serra do Tepequém, no Município do Amajari, a partir da década de 2000, tudo por lá ainda respira a garimpo, cujo auge da exploração de diamantes foi de 1940 a 1960. São poucos os remanescentes dessa época. Uma dessas pessoas é dona Iraci Colares Guimarães, 81 anos, esposa de um dos garimpeiros pioneiros. Depois da descoberta do diamante, em 1930, por quatro desbravadores ( veja história da descoberta de diamantes em outra postagem  abaixo), um dos primeiros garimpeiros a chegar para explorar diamante foi Benedito da Gama Guimarães. Dona Iraci foi a segunda esposa desse grande pioneiro, que continua lúcida para narrar a História. A ex-garimpeira ainda mora na Serra do Tepequém, em um dos locais onde existe uma trilha para sub

Vila do Cabo Sobral, berço da história de Tepequém e suas corredeiras

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  JESSÉ SOUZA jesseroraima@hotmail.com   Vila do Cabo Sobral em 1953: tudo começou neste local, onde uma grande cidade garimpeira floresceu em cima da serra, onde nem estrada havia   Nesta foto de 1960 dá para perceber que a Vila do Cabo Sobral abrigava até 5 mil pessoas Carcaças dos poucos carros que conseguiam chegar no garimpo, em cima da serra   A Vila do Cabo Sobral, acima da sede do vilarejo, conhecida por suas corredeiras de fácil acesso aos turistas, foi o grande berço da exploração de diamante na Serra do Tepequém, que se tornou o mais importante garimpo da América Latina nas décadas de 1940 a 1960. Cabo Sobral foi a sede de Tepequém por todo o auge da exploração mineral. A vila reúne os mais importantes pontos históricos e ainda abriga famílias remanescentes do garimpo. É lá onde estão as ruínas da vila (corrutela na linguagem dos garimpeiros), onde estavam concentrados os bares, o prostíbulo, o comércio, a delegacia e os barracões cobertos de palha que serviam de p

Rochas vulcânicas e a lenda indígena sobre origem do nome Tepequém

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JESSÉ SOUZA jesseroraima@hotmail.com Uma das imagens do Platô:  Serra do Tepequém é formada por rochas vulcânicas     A Serra do Tepequém é formada por rochas vulcânicas, o que sustenta a lenda de que Tepequém foi um vulcão há alguns milhares de anos, dando origem ao nome "Deus do Fogo" - Tepe (Tupã) e Queem (fogo), na mitologia Macuxi, a maior população indígena de Roraima. Conforme essa lenda, o vulcão queimava as roças das malocas próximas, dificultando a sobrevivência dos índios, e só foi aplacado com a oferenda de três belas índias virgens, cujas lágrimas delas se tornaram diamantes. O tepui da Serra do Tepequém tem seu topo cortado por um vale que abriga as mais conhecidas cachoeiras – Paiva e Funil - e por três pequenas serras. Na cosmogonia macuxi, isso explicaria a existência dos diamantes: as três pequenas serras simbolizam as três virgens e as duas cachoeiras mostram o caminho por onde percorreram suas lágrimas.     Fato de a vila ficar num planalto cer